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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Aprendendo com a horta, na Escola do Professor Vítor

Artigo postado Postado por Sinvaldo do Nascimento Souza, professor representante da 10ª CRE no www.rioeduca.net na segunda-feira, dia 15/08/2011




Retomei, neste início do mês de agosto, o périplo pelas escolas municipais da 10ª Coordenadoria Regional de Educação, a partir das visitas realizadas para o Rioeduca.

O recesso da última semana do mês de julho foi providencial. Deu até para fazer uma rápida viagem, com direito à navegação pelo Rio Negro e visita a uma aldeia indígena em plena Floresta Amazônica.

No retorno ao trabalho, na escola, e visitas para as postagens do Rioeduca, optei por dar continuidade aos contatos com as direções, professores, funcionários e alunos das escolas da Pedra de Guaratiba e agora também de Paciência.

O bairro de Paciência tem suas histórias e lendas. A escritora inglesa Maria Graham, no seu livro “Diário de uma viagem ao Brasil”, cuja primeira edição foi publicada no século XIX, escreveu sobre o Engenho da Mata da Paciência e enaltece o tino administrativo de uma senhora chamada Dona Mariana, que, segundo Graham, controlava praticamente sozinha a produção do engenho e o trabalho de cerca de 200 escravos.

Com relação às lendas, a mais conhecida é aquela que narra a ansiedade do imperador Pedro I para chegar rapidamente ao Palácio Imperial de Santa Cruz, mas que era obrigado a permanecer algum tempo em uma estalagem local, para o descanso e a muda dos cavalos das carruagens, e sempre ouvia de um dos seus fâmulos: “- Paciência, imperador, paciência...!” Daí tendo a origem do nome do bairro.

Lendas são lendas. São narrativas de caráter maravilhoso em que um fato histórico se amplifica e transforma sob o efeito da evocação poética ou da imaginação popular, como explica muito bem o Dicionário Houaiss.

Professor Vítor Aurélio Marques, diretor da Escola Municipal 10.19.004 Professor João Gualberto Jorge do Amaral, da 10ª CRE, em companhia da regente da Sala de Leitura Cecília Meireles, professora Andréa Dias Cezar de Oliveira.
Alunos da Escola Municipal Professor João Gualberto Jorge do Amaral, na entrada do segundo turno. O diretor Vítor Aurélio fez questão de reunir as turmas para dar as boas vindas e desejar bom trabalho ao representante do Rioeduca.
Professora Tatiane (primeira à esquerda), de Educação Física, com alunos da Turma 1102, tendo ao fundo o diretor Vítor e a coordenadora Pedagógica Beth.
O que pude ver na Escola Municipal Professor João Gualberto Jorge do Amaral, na visita realizada no dia 8 de agosto, não é lenda, mas sim um belíssimo projeto de educação ambiental e alimentar, a partir da horta escolar, muito bem idealizada, planejada e desenvolvida sob a orientação e coordenação do professor Lúcio, de Técnicas Agrícolas.

João Gualberto Jorge do Amaral, filho de tradicional família santacruzense, foi professor aqui mesmo na 10ª CRE e, após a sua morte trágica em acidente automobilístico, teve o seu nome lembrado para a designação da Escola Municipal 10.19.004, situada na Praça Paulo de Tarso Celestino, na localidade do Gouveias, bairro de Paciência, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O professor Vítor Aurélio Marques é diretor da E.M. João Gualberto do Amaral desde a sua fundação, há vinte e seis anos. Por ele ter acompanhado toda a trajetória da unidade escolar, quem chega ao Conjunto Habitacional Gouveias pela primeira vez, pode ter certeza de que encontrará mais rapidamente o endereço da escola se perguntar pela “escola do professor Vítor”.

Vítor estudou o antigo primário na Escola São José, antigo colégio mantido por padres salvatorianos, no bairro de Piedade, onde nasceu. Lá mesmo fez o curso de admissão ao ginásio, ingressando no Colégio Central do Brasil, no Meier, que era considerado excelente, podendo ser comparado ao mesmo nível do Colégio Pedro II. Fez a prova para o Instituto de Educação, na Mariz e Barros, ingressando no ano de 1973 e concluindo em 1975.

Complementando seus estudos, fez a faculdade de letras, cursou pedagogia e administração escolar.

Vítor ingressou no magistério municipal no dia 4 de maio de 1978, tendo como a sua origem profissional, a Escola Municipal Espanha, onde deu aulas durante oito anos.
Em 1985, um ano após a fundação do Conjunto Habitacional Gouveias, teve o seu nome indicado para dirigir a escola que ainda estava para ser inaugurada. No dia 29 de agosto, ainda com o prédio escolar em construção, o professor Vítor passou a acompanhar todo o recebimento do mobiliário e primeiras instalações daquela que viria a ser a Escola Municipal 10.19.004 Professor João Gualberto Jorge do Amaral.

De lá para cá, são 26 anos de vida quase que integralmente dedicados à escola, razão porque é bastante compreensível que os moradores do Conjunto Gouveias e de outras localidades de Paciência façam menção à “Escola do Professor Vítor”.
O diretor Vítor (agachado) em companhia da enfermeira e de professores na Enfermaria da Escola Municipal Professor João Gualberto Jorge do Amaral, que é um primor de organização e presta inestimável serviço aos alunos e demais integrantes da comunidade escolar.

Professor Lúcio e a Horta Escolar na Educação Ambiental e Alimentar
Professor Lúcio, de Técnicas Agrícolas, da Escola Municipal Jornalista Carlos Castelo Branco (onde foi tirada esta foto, no canteiro de horta hidropônica) e itinerante da Escola Municipal Professor João Gualberto do Amaral, ambas da 10ª CRE.
É admirável o trabalho do professor Lúcio, como itinerante, na Escola Municipal Professor João Gualberto Jorge do Amaral.

Sendo um dos poucos professores remanescentes, da disciplina de Técnicas Agrícolas na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Lúcio, que tem a sua matrícula na Escola Municipal Jornalista Carlos Castelo Branco, atua como professor itinerante na E.M. João Gualberto, entre outras, onde desenvolve projetos de hortas orgânicas e hidropônicas.

Além do trabalho de execução e de manutenção das hortas escolares, o professor Lúcio repassa aos seus alunos as informações básicas sobre horticultura orgânica, compostagem, formas de produção dos alimentos e noções sobre o solo como fonte de vida, bem com as relações entre o campo e a cidade.

Professor Lúcio (primeiro à esquerda) orientando os seus alunos do 5º ano da Escola Municipal João Gualberto Jorge do Amaral na colheita da alface. Nesta foto também estão o diretor Vitor e a coordenadora pedagógica Beth.
O diretor Vítor mostrando com orgulho os frutos do tomateiro, produção da horta orgânica mantida sob a orientação do professor Lúcio, de Técnicas Agrícolas.
Para o professor Lúcio, não se trata apenas de organizar os canteiros, lançar as sementes e cultivar as hortaliças, mas de criar laços da comunidade escolar com a educação ambiental sustentável e proporcionar uma produção de alimentos saudáveis para o consumo na merenda.

Em companhia do professor Lúcio, do diretor Vitor, da coordenadora pedagógica Beth e de alguns alunos que participam do programa “Horta Escolar”, percorri os canteiros e acompanhei as explicações sobre o projeto, além de poder documentar a seleção, coleta e entrega da alface e da cenoura colhidos no dia da minha visita à E.M. João Gualberto do Amaral.
Segundo a coordenadora Beth (foto acima) a horta da E.M. Professor João Gualberto Jorge do Amaral está perfeitamente inserida no Projeto Político Pedagógico daquela Unidade Escolar, contando com vinte canteiros tradicionais, com bordadura de tijolos, cultivados com hortaliças, plantas medicinais e aromáticas, além de dois tablados de horta hidropônica, sendo um de seus objetivos fazer com que o aluno aprenda as técnicas para desenvolver uma horta na sua casa, tornando também possível estudos diversos de ciências, meio ambiente, alimentação saudável, hábitos higiênicos, companheirismo, assiduidade, pontualidade e responsbilidade. entre os alunos participantes da oficina. Não se trata, diz Beth, de fazer a horta pela horta, mas de aproveitá-la como laboratório vivo e ferramenta para fins pedagógicos.

Segundo informou-me a professora Beth, coordenadora pedagógica, além das atividades de cultivo da horta, os alunos participantes da oficina coordenada pelo professor Lúcio, recebem informações sobre as características e consumo de diversas plantas, tanto as hortaliças, como as medicinais e ornamentais, além de noções de higiene, trabalho em equipe, contagem e pesagem dos produtos obtidos na horta etc.
Professor Lúcio (à direita) orientando os seus alunos da Oficina da Horta Escolar na colheita da cenoura.
Alunos do 5º ano, que participam da Oficina de Horta Escola com o professor Lúcio, de Técnicas Agrícolas, na E.M. João Gualberto do Amaral,  levando os pés de alface para o refeitório.
Alunos do 5ºano, participantes da Oficina de Horta Escolar, fazendo a entrega da colheita às merendeiras da E.M. João Gualberto do Amaral, sob os olhares do diretor Vítor (ao fundo), do professor Lúcio, de Técnicas Agrícolas (à direita)  e da coordenadora pedagógica, professora Beth, ao seu lado.
Ouvindo cada um dos alunos participantes do projeto Horta Escolar na E.M. Professor João Gualberto Jorge do Amaral, também pude constatar que a relação cotidiana e direta das crianças e adolescentes com os alimentos que estão sendo plantados por eles, ajudam na mudança do comportamento alimentar, fazendo com que eles valorizem mais os produtos naturais e orgânicos.

Além da horta orgânica, com vários canteiros repletos de pés de alface, cenouras, tomates e outras hortaliças, o professor Lúcio também montou uma estufa onde mantém todos os equipamentos e materiais utilizados na cultura de plantas feita em meio aquoso, provido de nutrientes inorgânicos.

A Escola Municipal Professor João Gualberto Jorge do Amaral é modelo e referência no bairro de Paciência e em toda a Zona Oeste do Rio de Janeiro, pois além da sua horta, mantém em funcionamento diversos programas e projetos da Secretaria Municipal de Educação, sempre em benefício dos seus alunos e de toda a comunidade escolar.
O diretor Vítor em companhia do professor Lúcio, de Técnicas Agrícolas e de alguns alunos participantes da Oficina de Horta Escolar no interior da estufa onde é mantida a horta hidropônica, que será ampliada e transferida para a área ao lado da horta orgânica.
Não custa lembrar que a Escola Municipal Professor João Gualberto, ou a “Escola do Professor Vítor”, foi contemplada a premiação do IDEB, em 2010, com referência às boas notas nas provas realizadas em 2009, e do IDERIO 2010.

Parabéns do Rioeduca ao diretor Vítor, ao professor Lúcio e a todos, professores, funcionários e alunos da Escola Municipal Professor João Gualberto Jorge do Amaral, por terem possibilitado que a sua horta fosse transformada em laboratório vivo, onde são desenvolvidas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar, que bem poderia servir como exemplo para outras unidades escolares da Cidade do Rio de Janeiro.

Artigo postado Postado por Sinvaldo do Nascimento Souza, professor representante da 10ª CRE no www.rioeduca.net na segunda-feira, dia 15/08/2011

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